Ninguém é obrigado a ler mentes, é óbvio, mas é do nosso tempo passar a entender formas múltiplas de interação com o mundo, ter disposição e ser receptivo a elas. O que me comove mais na história não é o batido “exemplo de superação” e blablablá
Gabi tem amigos de sala que dão a ele suporte, tem professora que o assiste nas tarefas de classe, tem ônibus acessível para ir nos passeios com a turma, tem todo o amor familiar e, mais do que tudo, é visto em sua completude, a sua maneira. É a humanidade se movimentando para que as diferenças não fiquem para trás. A turma do Gabi criou até uma “parede de escalada”, no chão da quadra, para que ele pudesse brincar e jogar igual a todos os outros. As diferenças vão sempre reagir positivamente diante da simplicidade de poderem se manifestar, serem vistas. A família ainda não sabe como irá levar o garoto para o outro lado do planeta, onde a prova terá de ser realizada individualmente –também ainda não há clareza se ele terá a acessibilidade que precisa, suporte tecnológico. Há muita coisa a se pensar, a enfrentar, a estudar, a preparar e a saber se dará certo. Ainda não é tão simples embarcar um pré-adolescente com tantas demandas num avião rumo a Bancoc. O que já está consolidado é o efeito que o campeonato causou no garoto e na comunidade que habita: sorrisos ininterruptos, sensação de realização, de alegria e de caminho escancarado para a formação de pessoas melhores. Outra coisa também é certa nesta história, a verdade do desabafo emocionado da professora que deu a notícia da conquista à família: “Eu sempre disse que o mundo ainda iria ouvir falar muito do Gabriel. Eu tenho o maior orgulho dele. Ele está numa alegria sem fim. A matemática levará ele para muito longe ainda.” Por todos os cantos há pequenos clamando por entendimento, olhares menos estigmatizados e oportunidades para chegarem onde todos queremos estar, nos lugares onde gritam nossas emoções, vontades, habilidades e amores. Que o Gabriel e seus amigos sigam jogando luz em soluções.