Vera Lucia é pedagoga e atua como vice diretora educacional de uma escola pública. Tornou-se uma pessoa com deficiência devido a um acidente na infância. Está na luta por uma inclusão de qualidade e mantém o blog Deficiente CienteGraduação UNIDERP, curso Fisioterapia Colunista Deficiente Online. Qualquer tipo de deficiência física, seja ela por nascença, por acidente ou mesmo por doença, tem sua singularidade e especificidade. De uma maneira ou de outra a deficiência física acaba limitando o nosso corpo. No entanto, quando nos tornamos pessoas com deficiência, nossa situação ainda é mais complexa. Não estou querendo com isso construir uma espécie de gradação das deficiências, ou seja, que uma deficiência seja inferior ou superior a outra, pois só mesmo quem vivencia no dia a dia uma deficiência sabe de suas dificuldades. Após um acidente muitas coisas precisam ser mudadas em nossas vidas. Para começar, precisamos muito do apoio da família e de amigos; precisamos de palavras de encorajamento e de incentivo e, muitas vezes, da boa vontade das pessoas. Logo após, precisamos aprender a desenvolver várias técnicas e habilidades que até então nem imaginávamos que conseguiríamos. E a nossa criatividade e imaginação? Como dizia Albert Einsten: ”A imaginação é mais importante que o conhecimento”. Sendo assim, damos asas a imaginação… E haja imaginação para o nosso caso! Por exemplo, por conta da privação de um dos órgãos dos sentidos, a pessoa com deficiência visual acaba expandindo outros órgãos como o olfato, o tato e a audição. Esses órgãos são muito mais aguçados para eles do que para qualquer outra pessoa . Um outro exemplo são as pessoas amputadas dos braços. Essas, precisam aprender a usar os pés no lugar dos braços. Já imaginaram? Eles fazem o serviço de casa, dirigem, digitam e escrevem: tudo com os pés. No meu caso, amputada de um braço, precisei aprender a escrever com o braço esquerdo, pois era destra e a posição do meu cérebro precisou ser modificada. E as pessoas com tetraplegia? Esses então são formidáveis! Escrevem, digitam e pintam quadros com a boca! Penso que isso nos torna mais eficientes do que deficientes. Não diz o ditado que “quando uma porta se fecha, outra se abre”? Isso é o que acontece conosco. São inúmeras as mudanças que ocorrem na vida de alguém quando este se torna uma pessoa com deficiência. Contarei mais sobre essas mudanças em uma outra oportunidade. Caro leitor, enquanto você não acreditar na sua habilidade e capacidade, enquanto não der asas à imaginação e à criatividade, enquanto negar a sua atual realidade: aí sim você será um verdadeiro deficiente! Vera (Deficiente Ciente) Inclusão ou segregação?