Criado por laboratório de mídia e acessibilidade da Unesp, o Siga detalha 75 espaços públicos e privados da cidade
São Paulo
Novo aplicativo para cegos descreve pontos turísticos de Bauru (SP) em áudio. Batizado de Siga, o projeto foi lançado no final de outubro pelo Biblioteca Falada, laboratório de mídia e acessibilidade da Unesp.
Disponível para iOS, Android e web, o app gratuito fornece gravações que explicam como são prédios, parques e ruas da cidade por meio de audiodescrição— técnica de tradução visual usada em filmes, mostras de arte e museus.
O projeto nasceu de uma parceria entre o Biblioteca Falada, que é liderado pela professora da pós-graduação em mídia e tecnologia da Unesp Suely Maciel, e o Lar Escola Santa Luzia, dedicada a pessoas com deficiência visual.
Em reuniões, alunos da instituição especializada pediram à professora que fossem feitas descrições de um dos principais centros comerciais de Bauru, a rua Batista de Carvalho.
A partir da sugestão, Maciel viu a possibilidade de um trabalho mais amplo e duradouro: descrever os espaços importantes da cidade em uma plataforma online acessível.
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“A audiodescrição permite às pessoas cegas conhecerem características arquitetônicas dos locais, as dimensões, o estilo dos espaços abertos e das edificações”, explica Maciel, que coordena o Biblioteca Falada há 10 anos.
No Siga, o usuário escolhe navegar por tópicos, que incluem comércio, lazer, esporte, praças e prédios públicos, ou pelo mapa interativo.
Ao clicar no parque Horto Florestal, por exemplo, o app fornece dois áudios. No primeiro, traz informações gerais sobre o espaço, como tamanho e atividades realizadas. Já no segundo, descreve elementos visuais.
Cada arquivo está conectado a um sistema de geolocalização que permite ao usuário se orientar pelos lugares de interesse.
Antes de serem publicadas, as gravações são revisadas por pessoas cegas para avaliar a qualidade da descrição. Também é a própria comunidade com deficiência que sugere os locais que são narrados no projeto.
“O app não só possibilita que pessoas com deficiência visual conheçam a própria cidade, mas também quem mora fora de Bauru”, afirma a professora, que vê no projeto uma oportunidade de oferecer mais autonomia ao grupo.
O Siga, na versão web, pode ser encontrado aqui.