Como a Síndrome de Down mudou a minha vida

Por Talita Cazassus Dall’Agnol

Ter a oportunidade de conviver com alguém com Síndrome de Down muda a nossa vida em todos os aspectos.

Posso dizer que a minha mudou muito, mas foi para melhor!

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O meu irmão, Carlos Henrique ou Caique como é carinhosamente chamado por todos, nasceu quando eu tinha apenas 7 anos.

Como os meus pais só descobriram que ele teria a Síndrome de Down na hora do seu nascimento, não deu tempo para que eles me preparassem.

Contudo, desde antes do nascimento do meu Caique, meus pais sempre me levaram para visitar instituições com pessoas especiais, conforme relatou a minha mãe neste artigo, e isso certamente fez toda a diferença!

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Na primeira vez  em que vi meu irmão, lembro-me de ter ficado encantada com aquele bebezinho tão branquinho, tão loirinho e com os olhinhos tão puxadinhos…

Logo, meus pais me deram um livrinho infantil sobre a Síndrome de Down para que eu pudesse compreender que meu irmão era diferente e  em que consistia aquela diferença.

A partir daquele momento, parece que a minha visão de mundo ampliou e eu comecei a notar pessoas que conviviam comigo e que apresentavam algum tipo de deficiência.Então, passei a me aproximar de colegas na escola que possuíam dificuldades e logo me tornava sua amiga.

Comecei a perceber, também, as injustiças que essas pessoas enfrentavam na escola, tanto por parte dos  alunos e pais quanto por parte da própria instituição

. Quando o meu irmão começou a frequentar o ensino regular, ainda pequeno, percebi ainda mais essa rejeição social.

Dizem que quando a gente vira mãe, logo surge o instinto protetor materno.

Em mim, esse instinto surgiu no momento em que percebi que o meu irmão não conseguiria enfrentar esse mundo sozinho

. Este, inclusive, passou a ser o meu critério principal de escolha do homem da minha vida: teria que aceitar o meu irmão e tratá-lo muito bem!

E olha a sorte que tive: meu marido não só se dá super bem com o Caiquinho, como também é o seu herói!!!

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Outro grande ensinamento que tive com meu irmão foi em relação à superação das dificuldades. Sempre vibrávamos com cada novo aprendizado dele.

E quando eu olhava as minhas dificuldades, percebia que eu também poderia vencê-las!

Isso me tornou uma mulher mais forte e mais preparada para enfrentar os diversos desafios da vida.

Uma característica que me encanta no Caiquinho é a sua forma tão sincera de viver a vida

! Ele é sempre extremamente afetuoso com todos ao seu redor.

Às vezes, eu ficava até constrangida quando saíamos para passear e ele  começava a cumprimentar e abraçar todo mundo!

 E quando ele rejeitava um presente por não ter gostado…

Nossa que vergonha! Contudo, no fim das contas, percebi que quem estava certo era ele e não eu. Isso porque aprendemos com a sociedade a sermos tão comedidos, a ocultarmos os nossos sentimentos.

Já com essas pessoas especiais aprendemos simplesmente a sermos verdadeiros! Se ele estiver com vontade de te abraçar, ele vai fazer isso e pronto! rsrs.

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Posso dizer, também, que a  vinda do meu irmão uniu a minha família! Afinal, cada um  passou a fazer a sua parte e a contribuir à sua maneira para o pleno desenvolvimento dele!

Já tentei imaginar como seria a minha vida se o meu irmão não tivesse Síndrome de Down e só consegui chegar a uma única conclusão: seria chata demais!!!

Afinal, eu não teria ninguém para me encher de beijinhos e me fazer rir mesmo quando estivesse na TPM, não teria ninguém que contasse ansiosamente os dias para a chegada do meu aniversário ou para me visitar em Manaus – ele mora em Brasília; eu em Manaus.

Eu não teria alguém que me ensinasse a amar de forma tão pura e verdadeira, que me ensinasse a ter mais compaixão pelas pessoas e, sobretudo, que me ensinasse a acreditar na capacidade de cada um.

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