1º.dez.2023 às 15h50
Nesta sexta-feira (1) de manhã, em uma enorme sala de um centro de convenções em Dubai, o nome do rei Charles 3º é anunciado. O monarca sobe ao palco, observado por centenas de autoridades, e durante dez minutos faz o discurso de abertura da COP28, Conferência do Clima da ONU.
O rei defende causas ambientais há décadas, é especialista no assunto.
Ele lembra que mudanças climáticas estão acontecendo em um ritmo muito mais rápido do que a natureza consegue aguentar e termina com a lembrança: “O planeta Terra não pertence a nós, nós pertencemos ao planeta Terra.”
Planeta em transe
Na sequência, o presidente Lula alerta que o aquecimento global afeta com mais intensidade as populações mais pobres —de quem mora nas periferias das grandes cidades e sofre com enchentes ao agricultor do nordeste que não consegue cultivar alimentos por causa da seca.
Assistindo pela tv, me pergunto: será que aquela plateia, responsável por decisões que mudam o rumo das nossas vidas, está prestando atenção? Temo que não.
A COP28 já é polêmica por ser em Dubai, nos Emirados Árabes, um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Em certa hora do discurso do rei, a câmera mostra Emmanuel Macron, presidente da França. Mas Joe Biden e Xi Jiping, líderes dos dois maiores poluidores do planeta, Estados Unidos e China, não foram.
Cientistas já estão cansados de alertar que eventos climáticos extremos estão mais frequentes e intensos porque muito pouco é feito para limitar o aquecimento do planeta, causado pela emissão de gases poluentes vindos de combustíveis fósseis como o carvão, e da pecuária. Já cobri duas COPs in loco, e é triste ver pedidos desesperados vindos de quem mora em ilhas que estão desaparecendo submergidas pelo mar.
Enquanto o planeta derrete e afunda, falta vontade política e sobra ganância.
Uma coluna sobre aquecimento global poderia estar em qualquer parte deste jornal, já que nos afeta em tudo. Falando sobre esporte, impacta deste o alto nível até nossas atividades físicas ao ar livre.
Em outubro, pilotos sofreram por causa das temperaturas extremas no GP do Qatar de Fórmula 1. Esteban Ocon vomitou dentro do capacete, Alex Albon precisou receber atendimento médico por causa do calor, Logan Sargeant abandonou a prova por desidratação, Lance Stroll e George Russell quase perderam a consciência. Imagina desmaiar dirigindo um carro a mais de 300km/h?
Líderes mundiais na abertura da COP28, conferência do clima da ONU, em Dubai
Uma pesquisa feita pela World Athletics no Mundial de Atletismo em agosto com os 373 atletas participantes mostrou que 75% deles disseram que a performance e a saúde pioraram em consequência das mudanças climáticas. E 83% se mostraram preocupados com a poluição do ar.
Líderes globais são responsáveis por grandes mudanças, mas nossos hábitos também ajudam.
Evitar usar sacolas plásticas no supermercado; boicotar marcas que não têm responsabilidade ambiental; diminuir ou parar o consumo de carne (o metano liberado pelo gado é um grande vilão do aquecimento global); votar em quem se preocupa genuinamente (tenha cuidado com promessas falsas, o famoso greenwashing) e vai investir em políticas públicas para que você respire um ar menos poluído.
Nos próximos dias, veremos se haverá progresso na COP28.
Enquanto saio para correr em temperaturas negativas em Londres, tendo há algumas semanas sofrido na onda de calor do Rio de Janeiro, tento não ficar tão pessimista nessa era de extremos.