Contribuindo para a inclusão social de pessoas com deficiência

A inclusão social e a acessibilidade são pilares fundamentais para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas, possam sentir-se inseridas na sociedade. No Brasil, atualmente, cerca de 18,6 milhões de pessoas acima dos dois anos de idade possuem algum tipo de deficiência

. Esse número corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária.

Entre as pessoas que autodeclararam alguma dificuldade em realizar tarefas do cotidiano, a porcentagem de mulheres (10%) é maior do que a de homens (7,7%).

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Embora existam leis e ações de órgãos não governamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência, ainda há muito a se fazer para entender e solucionar suas necessidades, especialmente aquelas relacionadas à deficiência física.

Neste conteúdo, vamos abordar o que é a deficiência física e seus principais tipos, bem como a maneira pela qual podemos promover a inclusão social dessa parcela significativa da população.

O que é deficiência física?

A deficiência física é definida, segundo o Ministério da Saúde (MS), por alteração completa ou parcial de uma ou mais partes do corpo humano, resultando no comprometimento da mobilidade e da coordenação geral, podendo também afetar a fala em diferentes níveis.

Pode ser de origem congênita (presente desde o nascimento) ou adquirida ao longo da vida, devido a lesões, doenças ou outras causas. As deficiências físicas podem variar em gravidade, desde casos leves, que afetam apenas algumas atividades, até casos mais graves, que resultam em déficits significativos.

Quais os tipos mais comuns de deficiência física?

Existem diferentes tipos de deficiência física, sendo classificados conforme a legislação vigente. A seguir, descrevemos brevemente os tipos mais frequentes.

  • Amputação: envolve a remoção de uma extremidade do corpo;
  • Hemiplegia: quando há perda total das funções motoras de um lado do corpo, seja o direito ou o esquerdo;
  • Monoplegia: implica na perda parcial das funções motoras de apenas um membro, que pode ser superior ou inferior;
  • Paraplegia: condição que resulta na perda total das funções motoras;
  • Tetraplegia: perda total das funções motoras dos membros superiores e inferiores;
  • Paralisia cerebral: lesão cerebral que ocorre, geralmente, em virtude da falta de oxigênio no cérebro durante a gestação, parto ou até dois anos após o nascimento. Pode afetar diferentes partes do corpo, causando desequilíbrio muscular, dificuldades de força e equilíbrio, além do comprometimento da coordenação motora;
  • Ostomia: procedimento cirúrgico que cria uma comunicação entre um órgão interno e o externo para eliminar os dejetos do organismo. Pessoas ostomizadas costumam utilizar uma bolsa para coletar os excrementos;
  • Nanismo: trata-se de uma alteração genética que causa um crescimento esquelético anormal, resultando em indivíduos com altura significativamente abaixo da média da população.

Como posso auxiliar uma pessoa com deficiência física?

É essencial compreender que, antes de qualquer rótulo ou diagnóstico, as pessoas com deficiência são indivíduos com suas próprias experiências, aspirações e complexidades.

Em primeiro lugar, a escolha das palavras, ao se dirigir a uma pessoa com deficiência física, desempenha um papel crucial. Utilizar a nomenclatura adequada, como pessoa com deficiência, demonstra respeito e consideração. É importante reconhecer a deficiência e não ignorá-la, sem superestimar ou subestimar suas implicações.

É fundamental o entendimento de que as pessoas com deficiência têm o direito de tomar suas próprias decisões e assumir responsabilidade por suas escolhas. A deficiência não define a pessoa. Elas podem enfrentar desafios em algumas áreas, mas também demonstrar notáveis habilidades em outras.

Perguntas respeitosas e uma comunicação direta são bem-vindas, desde que sejam feitas à pessoa em questão e não a seus acompanhantes. Oferecer ajuda é gentil, entretanto, deve-se fazer de maneira adequada e respeitar a recusa, caso ocorra. Lidar com pessoas com deficiência não exige perfeição, porém requer naturalidade, sinceridade e espírito de compreensão.

Como auxiliar pessoas com dificuldade de locomoção? 

Quando interagimos com pessoas com deficiência física ou motora, a empatia e o respeito desempenham um papel fundamental para assegurar uma convivência inclusiva e harmoniosa.

Para alguém sentado em uma cadeira de rodas, manter contato visual durante uma conversa prolongada pode ser mais confortável quando ambos estão no mesmo nível. Portanto, sentar-se é uma maneira simples e eficaz de estabelecer conexão.

É importante perceber que a cadeira de rodas, assim como bengalas e muletas, podem ser consideradas uma extensão do corpo da pessoa. Agarrar-se ou apoiar-se nela deve ser evitado, já que pode ser desconfortável para a pessoa. Outra questão muito importante é o respeito à autonomia do indivíduo. Ações como movimentar a cadeira de rodas sem permissão da pessoa não são apropriadas.

Quando estiver empurrando uma cadeira de rodas, lembre-se de virá-la de frente ao parar para conversar, garantindo que todos possam participar da interação. É preciso ter cuidado na condução da cadeira para evitar colisões com outras pessoas, e subir ou descer degraus deve ser feito de maneira segura, inclinando a cadeira para trás ou realizando os movimentos em marcha a ré. Além disso, é igualmente importante manter muletas ou bengalas sempre acessíveis à pessoa com deficiência.

A sociedade como agente da mudança

No Brasil, a educação e o mercado de trabalho são áreas imprescindíveis para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para todas as pessoas, inclusive as com deficiência. 

Na educação, os números revelam que, infelizmente, ainda enfrentamos desafios consideráveis. O índice de analfabetismo para pessoas com deficiência é alarmante, chegando a 19,5%, em contraste com 4,1% para a população sem deficiência.

Já o mercado de trabalho conta com a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, que determina que empresas com mais de 100 empregados reservem vagas para essas pessoas. Em solo brasileiro, cerca de 17,5 milhões de pessoas com deficiência estão em idade economicamente ativa, representando aproximadamente 10% da população com 14 anos ou mais. No entanto, apenas 5,1 milhões são economicamente ativas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 15% da população mundial (média de 1 bilhão de pessoas) vive com alguma forma de deficiência. Ainda segundo a OMS, essas pessoas têm maior probabilidade de enfrentar barreiras para acessar serviços de saúde, educação e emprego.

A exclusão social das pessoas com deficiência pode levar a taxas mais altas de pobreza e marginalização. A implementação de políticas e práticas inclusivas é capaz de melhorar substancialmente a qualidade de vida das pessoas com deficiência e promover a igualdade de oportunidades.

A inclusão social não é apenas uma questão ética, mas também necessária para garantir que todas as pessoas tenham a chance de contribuir com todo seu potencial junto à sociedade. Dar oportunidade e adaptar os locais de trabalho e estudo para as pessoas com deficiência física são medidas extremamente relevantes nesse contexto.

Oferecer condições apropriadas e manter o respeito com as diferençasde qualquer indivíduo promove uma convivência mais justa e igualitária. Gostou do conteúdo? Para aprofundar o seu conhecimento na temática, sugerimos a leitura do artigo Entenda o que é a deficiência intelectual e múltipla.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ministério da Saúde. Dia da Pessoa com Deficiência Física. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/11-10-dia-da-pessoa-com-deficiencia-fisica/. Acesso em: 14/09/2023.

Secretaria de Comunicação Social. Pela primeira vez, PNAD Contínua reúne e disponibiliza dados sobre pessoas com deficiência. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/07/pela-primeira-vez-pnad-continua-reune-e-disponibiliza-dados-sobre-pessoas-com-deficiencia. Acesso em: 14/09/2023.

Secretaria De Direitos Humanos Da Presidência Da República. Manual de Orientação e Apoio para Atendimento às Pessoas com Deficiência. Disponível em: https://epge.fgv.br/files/default/manual-de-orientacao-e-apoio-para-atendimento-pcd.pdf. Acesso em: 14/09/2023.

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Inclusão no mercado de trabalho: Lei de cotas para pessoas com deficiência completa 29 anos.  Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/julho/inclusao-no-mercado-de-trabalho-lei-de-cotas-para-pessoas-com-deficiencia-completa-29-anos. Acesso em: 14/09/2023.

Senado Federal. Estatuto da Pessoa com Deficiência. 3a edição. Atualizada até janeiro de 2019. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/554329/estatuto_da_pessoa_com_deficiencia_3ed.pdf. Acesso em: 14/09/2023.

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